quarta-feira, 19 de julho de 2017

O SACRIPANTA



                                                               O SACRIPANTA  -texto de Maria Luiza Benitez


Pois é indiada macanuda do meu pago varonil, eu tenho ojeriza de gente que mete a catana, (isto é: falar mal de alguém). Mas tá dificil achar um vivente para arrumar as calhas lá de casa... Outro dia me apareceu um cuera, mais lerdo que mula guacha. Numa madorna que só vendo para ajustar as cosa e fazer o serviço.
E eu na volta do indivíduo,bem alerteada,  chuchurreando   meu chimarrão e não perdendo de vista o talzinho que era meio metido, chucro como redomão e cheio das xurumelas querendo me enrolar como se eu fosse um boa noite e chorando as pitangas  pelo chircal(  Hay que tener cuidado com esse tipos). inda mais indivíduo de armada grande e muito rodilha.
O causo é que o cuera não entendia era nada do riscado mas como a percisão era grande se meteu a facão sem cabo e foi fazer o serviço que não tinha entendimento.
E foi retalhando  calha como quem corta cana num canavial.... e foi pregando prego a lo loco ,tipo bicho. e nem medida tinha, tudo feito à olho e na adivinhação.
Não poderia dar resultado pior no que deu.
Quando olhei os finalmente me deu um coraçonazo,quase que me caí dura e seca como quem se fina. E ainda tive de rapar a guaiaca com os cobres contados para pagar o desinfeliz.
Mas o meu santo é forte e não me deixa esperando.
Logo o sacripanta  burlequeador pegou um serviço lá pro lado da Reforma no Itapuã .... como sempre caloteando, levando na conversa as pessoas...porém  desta vez se topou com o pau da carpa.
Pediu adiantamento do soldo e se bandeou por duas semanas pras bandas de Santa Catarina ,de onde  foi parido  o mal nascido.
Mas quando voltou o que era dele estava  guardado, só esperando. Vai daí que armou-se o tempo e o rolo  !
O seu Rozendo, que lhe tinha contratado o serviço ,andava como cachorro que comeu toicinho e  já meio atravessado das guampas,  se armou de um relho trançado e um trinta e oito de boca bem entupida  abriu a cancela escancarando   a porteira e  recebeu o mentiroso  e safado   conforme o merecimento.
Prendeu-lhe dois relhaço no lombo que lhe atorou a camisa de flanela e arrancou um dos bolso de trás da bombacha e despejou-lhe uma turumbanba de bala que o ordináriozinho foi parar só lá na divisa do Rio grande com Santa Catarina.
Deixou pra traz toda a mudança, e a casa onde morava logo abaixo do bolicho do Anacleto.
Nem rastro deixou.
Cachorro ovelheiro só matando...e homem sem palavra amanhece com a boca tapada  de formiga. Bem feito ! E tenho dito !