Lá nos abastecíamos de Azeite de Oliva, guloseimas como caramelos, o famoso dulce de leche que é uma delícia, carne de gado, o Jamón(presunto) e queijos, as famosas galletas, bolachas muito gostosas que vinham em saco daquelas de farinha e nos divertíamos por horas a fio “roendo” aquelas delícias.
Aceguá é uma localidade que tem o mesmo nome com duas nacionalidades, isto é, “doble chapa”, mas constituídos de uma só população. De um lado o município de Aceguá no Brasil e do outro lado o distrito ou vila de Aceguá no Uruguai. A origem do nome Aceguá no dialeto Tupi-Guarani é Yaceguay ou “yace-guab”, e possui diversos significados, entre eles “Divisa ou Lugar de descanso eterno”, indicando o local que os indígenas escolhiam para viver seus últimos dias, por ser um lugar alto que descortinava uma visão panorâmica da região e proximidade com o céu (provável cemitério indígena); outro significado é “Terra alta e fria”, características geográfica e climática do local; outra interpretação é “Seios da lua”, por ser local com cerros altos (Serra do Aceguá). Segundo o folclore popular da região , a origem do nome Aceguá, vem do Lobo Guará ou Sorro . Foi por mais de dois séculos “El Camino de Los Quileros”, que seriam os contrabandistas castelhanos e portugueses. Eles circulavam com mercadorias em lombo de cavalos, conforme as demandas de cada um dos mercados da banda Ocidental e Oriental da fronteira. Estes ao passar pelos cerros e ouvir o uivo dos “Sorros “ diziam, “Hay um bicho que hace guá”.
Camino de Los Quileros inspirou uma canção do poeta bageense Eron Vaz Mattos.
A formação da vila do Aceguá é resultante do comércio informal entre os dois países, pois a fronteira seca é um caminho natural entre países limítrofes. Sua etnia é diversificada, composta por descendentes de portugueses, espanhóis, índios e negros, que formaram o gaúcho ou “el gaucho” nos dois lados da fronteira.
A região também tem a presença da colonização alemã, resultante das comunidades rurais de Colônia Nova, Colônia Médice e Colônia Pioneira, com hábitos e tradições germânicas. A imigração árabe em a sua marca forte, com costumes e tradições próprias, que passaram a explorar e dinamizar o comércio local.
Aceguá no século XX, principalmente no período após a Segunda Guerra Mundial com a carência de proteína vermelha e de agasalhos na Europa, passa por um período de grande desenvolvimento e fortalecimento na exportação da bovinocultura de corte e ovinocultura, produtos altamente expressivos até hoje no PIB do município.
Os índios Guaranis, ao que tudo indica, já habitavam, eventualmente, a localidade de Aceguá, antes do descobrimento do Brasil, que por ter uma pequena altitude em relação ao nível do mar se tornava uma região estratégica para observação e caça.
O clima da cidade que divide Brasil e Uruguai é variado e bem definido, ou seja, as temperaturas extremas variam de -5ºC até 38ºC durante o ano.
Na localidade, a fauna e a flora são diversificadas. A flora nativa impressiona pela qualidade das gramíneas. Aves e mamíferos típicos da região, como sorro, zorrilho, capincho, veado, ema, joão-de-barro, entre outros. Apesar de historiadores acreditarem que a cidade é habitada há mais de quinhentos anos, os primeiros registros datam de 1752, quando o índio Sepé Tiarajú, barrou os trabalhos das Coroas Ibéricas que vieram cumprir o Tratado de Madrid.
Na história, Aceguá foi rota de passagem em momentos históricos, como em 1773 que Vertiz y Salcedo cruzaram a cidade a fim de fundar o Forte Santa Tecla. Em 1811, D. Diogo de Souza passou para conquistar Montevidéu com três mil soldados. E em 1893, quando Gumercindo Saraiva entra no território Rio-grandense para deflagrar a Revolução Federalista.
Após alguns tratados de território e de limite, em 09 de maio de 1915, o Presidente da Província, Borges de Medeiros, reuniu-se com o Presidente do Uruguay, Feliciano Vieira, para a inauguração do Marco número 1, em homenagem ao Barão de Rio Branco.
Aceguá hoje é uma das fronteiras importantes que o Brasil possui, sendo mais uma rota comercial.
(Baseado em texto do jornalista D.Franchi)
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